segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Programação detalhada


12/11/2012          
18h Mesa de abertura – Lançamento da exposição de Élvis Silva
Coquetel

19h Exibição do filme: “Quilombos vivos” (atividade em conjunto com o Ecocine)
Local: Casa do Lago

13/11/2012
14 h – 17 h Mesa redonda – Mulheres Negras: Uma questão de raça, classe e gênero
Local: Casa do Lago

  1. Magali Fernandes
  2. Tida Miranda
 21/11/2012
12h – 14 h  Debate: As políticas de Ações Afirmativas para ensino superior.
Local: Casa do Lago

23/11/2012
14h – Apresentação: La cantante de la Trinidad – Nilvanda Sena
Local: Pavilhão Básico
15h - Apresentação: Urucungos Puitas e Quijengues: Samba de Bumbo e Samba Lenço
Local: Casa do Lago

26/11/2012
12h – Roda de conversa "Espiritualidades africanas: Riqueza Cultural" 
Local: Casa do Lago

  1. Mohamed Habbib 
18h – Apresentação: Tiririca e Samba de Roda Campineiros – Mestre Marquinho Simplício, Capoeira de Angola Crispim Menino Levado
Local: Pavilhão do Ciclo Básico

27/11/2012
10h – Oficina: Vivência de Dança: Corpo Atento, África Presente – Luciane Ramos Silva.
Local: Casa do Lago (Sala Multiuso)


Baseadas nas técnicas corporais de matrizes africanas, experimentaremos dinâmicas,  deslocamentos, encadeamentos motores, tonicidades e poéticas que nos possibilitarão refletir sobre os imaginários construídos a respeito das capacidades de nossos  corpos, sobre hábitos normativos e formas de estar no mundo. São experiências que comunicam idéias e nos empoderam criativamente ... expandindo as  veredas de nossos corpos expressivos.
Quantas Áfricas existem em nossos corpos brasileiros? 
O acompanhamento musical ao vivo enriquece a evidencia a comunicação necessária entre o corpo que dança, que fala pelo movimento, e a música tocada.


12h – Apresentação: Capoeira Regional – Mestre João Neto
Local: Casa do Lago (Sala Multiuso).

14h – 17h As manifestações da cultura e da arte afro-diaspóricas voltadas às práticas educacionais formais ou não formais
Local: Casa do Lago 
Ementa: discutir manifestações culturais e artísticas afro-diásporicas e suas possíveis contribuições para as perspectivas historicamente predominantes da educação

Cidinha da Silva é prosadora. Iniciou a carreira literária em 2006 e tem seis livros publicados, dentre os quais destacam-se Os nove pentes d’África (novela, 2009) e Kuami (romance infantil/juvenil, 2011). É uma das 100 autoras e autores negros, cuja obra foi analisada na coletânea Literatura e Afrodescendência: antologia crítica (Editora UFMG, 2011). Tem alguns textos em processo de adaptação para o cinema e outros encenados no teatro. É editora do blogue: cidinhadasilva.blogspot.com 
Ementa: O papel da mulher negra na produção artística no Brasil.

Michel Yakíni. Poeta, autor do livro “A cor de um verso”. Fundador do Sarau Elo da Corrente. Estudante de letras.
Ementa: Importância dos saraus literários da periferia para a formação de leitores.

Amélia Conrado Professora Adjunta do Departamento de Educação Física da Faculdade de Educação da UFBA. Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia. Mestre em Educação (PPGE-UFBA).
Ementa: Danças e manifestações afro-brasileiras em comunidades periféricas urbanas

17h 15 – Apresentação: Candonbe e Milonga – Natacha Muriel & Lucas Magalhães
Local: Casa do Lago

18h – Coquetel de Lançamento e venda de Livros:
·         Michel Yakini – A cor de um verso
·         Cidinha da Silva – Oh Margem! Reinventa os rios!
Local: Casa do Lago

28/11/2012
12h – Apresentação: Capoeira de Angola Resistência – Mestre Topete
Local: Pavilhão Ciclo Básico

14h – 17h Mesa: Opressão e genocídio da população negra
Local: Casa do Lago 
Ementa: discutir políticas de opressão, exclusão e extermínio da população negra

Wilson H. Silva Professor Universitário, Comitê Contra o Genocídio da População Negra - Quilombo Raça e Classe – Conlutas
Ementa: Genocídio da Juventude Negra

Juliano Gonçalves Pereira Membro da Rede Nacional de Controle Social e Saúde da População Negra, Articulador Nacional da Mobilização Nacional Pró-Saúde da População Negra; Coordenação do Fórum Nacional de Juventude Negra FONAJUNE; Mestrando em Relações Etnicorracias pelo NEAB/CEFET/RJ (2011-2013); Especialista em Políticas Públicas com foco em Raça e Gênero pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP; Pós Graduando em Democracia Participativa, República e Movimentos Sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Ementa: Políticas públicas para a juventude negra.
  
19h – Festival de hip hop
Grafite; música e dança de rua.
Local: Teatro de Arena

29/11/2012
09h – 12h Mesa: Educação e Racismo no Brasil
Local: Sala 02 do Pavilhão Básico (PB02) 
Ementa: discutir influências do racismo para o acesso e permanência de alunos negros nas instituições educacionais e alternativas para minorar esses impactos no processo de ensino-aprendizagem da população negra.

Márcia Lúcia Anacleto de Souza: Doutoranda em Educação no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Unicamp, Mestre em Educação com pesquisa no campo das Relações Étnico-Raciais e da Educação em Comunidades Remanescentes de Quilombo. Pedagoga e Professora de Educação Infantil. Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Diferenciação Sociocultural, vinculado ao Departamento de Ciências Sociais e Educação. 
Ementa: Educação quilombola e educação escolar quilombola, a problemática das escolas existentes e de seu papel na construção de identidades

12h - Recital Música Erudita
Local: Casa do Lago

Participação da Orquestra da Disciplina Prática Orquestra do Instituo de Artes da UNICAMP. Sob a direção do Profº Dr. Maestro Eduardo Ostergren, a orquestra apresentará um repertório variado com ênfase na Abertura em Re Maior do Pde José Maurício N. Garcia, compositor negro e um dos maiores expoentes do cenário musical do Período Colonial Brasileiro.

13h – Coquetel de Encerramento

14h – 16h30 -  Oficina: Qual é sua mitologia pessoal? – Henrique Carioca
Local: Casa do Lago

Teoria e prática da Mitologia Africana (Reginaldo Prandi, Pirre Verger, Agenor Miranda Rocha e Mário César Barcellos).
Funções arquetípicas (José J. Jung) por meio da Etnomatemática.
Dançar seus mitos (LABAN).

Segundo pesquisa realizada por Henrique Carioca, a partir da criação dos Odus, surgiu a criação dos Orixás, assim cada Orixá tem o seu Odu regente. Por meio da Etnomatemática e da cabala dos Odus em nossa data de nascimento, é possível encontrar estes Odus. A proposta prática é dançar os ritmos de seus respectivos Orixás, proporcionando aos participantes informações sobre a cultura e a mitologia africana, que poderão ser trabalhadas no contexto educacional.


17h – 19:30h  Exibição de documentário e debate sobre samba: “história do samba e sua importância para a cultura negra" e lançamento do documentário “Zeca, o poeta da Casa da Verde” de Akins Kinte.
Local: Casa do Lago


Roda de Samba

domingo, 28 de outubro de 2012


I Quem tem cor age:
desmistificando o racismo à brasileira 

Quando a questão do racismo no Brasil começar a sair dos livros, artigos, dissertações e teses de pesquisadores, quando deixar de ser problema do negro para se tornar preocupação de todas as forças e instituições do país, quando sairmos da fase do belo discurso e das boas intenções sem ações correspondentes, poderá dizer então que entramos na verdadeira fase de engajamento para transformar a sociedade; estaremos saindo do pesadelo para entrar num sonho, e do sonho para entrar numa verdadeira esperança.[1]

No Brasil, desde os anos 70, o Dia da Consciência Negra vem sendo comemorado no dia 20 de novembro, data da morte de Zumbi dos Palmares, o primeiro grande símbolo da luta dos negros no Brasil. A importância da comemoração dessa data não se limita à lembrança de um momento histórico e fortalecimento de Zumbi como um verdadeiro herói negro no Brasil, mas reforça a cada ano a importância de que o povo negro conquiste sua liberdade de fato e escreva sua própria história.
Daí a importância da apropriação de espaços e discursos acadêmicos, afinal a participação de intelectuais nos debates sobre os rumos da sociedade brasileira é algo que vem de longa data e a vinculação entre reflexão teórica e compromisso político é bastante comum e, por que não dizer, interessante. No que diz respeito às dinâmicas das relações raciais nesta sociedade de passado escravista e presente ainda racista, opiniões diferentes e, não raras vezes, divergentes vêm sendo construídas, mantidas e/ou reformuladas.
As relações raciais no Brasil foram estabelecidas de maneira muito particular. Marcada pela ideia constante de que o massivo processo de miscigenação – que caracterizou todo o período colonial até tornar-se uma política declarada de branqueamento da população, sobretudo por meio da imigração europeia – tornava o Brasil um país menos racista e mais tolerante com a diversidade racial que o compunha.

acreditava-se ainda que o ideal de democracia racial, característico do país, era uma ideologia suficientemente forte e progressista para abrigar e proteger a mobilização política e cultural dos negros. Apenas depois de rompida a ordem democrática, em 1964, tal crença foi considerada uma “ilusão” e a democracia racial, um “mito”[2]

Tal argumento levou à formação do chamado racismo à brasileira “que percebe antes colorações do que raças, que admite a discriminação apenas na esfera privada e difunde a universalidade das leis, que impõe a desigualdade nas condições de vida, mas é assimilacionista no plano da cultura”[3].
Atualmente o movimento negro acumula uma série de conquistas, mas a situação ainda está muito aquém do que se espera e necessita para que haja, de fato, um cenário de igualdade e democracia racial. A realização do I Quem tem cor age: desmistificando o racismo à brasileira vem contribuir para os debates e mobilizações para a conquista dos direitos e espaços historicamente negados. Busca reunir intelectuais acadêmicos, intelectuais militantes, representantes da comunidade campineira e integrantes de grupos do movimento negro – a partir do reconhecimento da importância política de todos nesse processo − em torno do debate público sobre as relações raciais no Brasil. Nesse sentido, a proposta passa por fomentar o debate acerca da relação entre racismo e conhecimento científico . Daremos espaço para diferentes áreas do conhecimento que abordem a temática racial.
A atividade está prevista para se realizar entre os dias 12 e 29 de novembro. Na Casa do Lago.





[1] Kabengele Munanga, As facetas de um racismo silenciado, In: Lilia Schwarcz e Renato da Silva Queiroz (orgs.), Raça e Diversidade, São Paulo, Edusp, 1996, p. 218-219.
[2] Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. Acesso de negros às universidades públicas. Cadernos de Pesquisa, n. 118, mar. 2003, p. 247-268.
[3] Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário: cor e raça na intimidade. In: Schwarcz, Lilia Moritz (Org.). História da vida privada no Brasil: contrastes da intimidade contemporânea.